Colorida, brasileira, maximalista. Aos 40 anos, a baiana Adriana Meira se prepara para contar diversas histórias neste ano. Estilista-artista, faz da moda um processo terapêutico, em que exerce a escuta e a transforma em peças de algodão e linho, feitas sob encomenda, que, por meio de aplicações de couro, neoprene e suede, ilustram trajetórias de vida. Seu trabalho vem conquistando uma leva de clientes bacanas, como a cantora Preta Gil, a humorista Dadá Coelho e a atriz Leticia Colin. Nesse verão, Adriana, que vende na Casa Nordestesse, em São Paulo, desembarca em Trancoso, na Bahia, na multimarcas Concierge. E, em março, lança coleção inédita, de peças prontas. “Por enquanto, tenho as chemises.”
Filha de um mecânico e de uma professora, ela nasceu e mora em Brumado, no sertão da Bahia. “Sempre sonhei com a moda. Vendo os bordados que minha avó paterna fazia, achava que eles poderiam ir para a roupa”, lembra. “Mas era um universo distante.” Ela tratou de encurtar as distâncias ao se mudar, primeiramente, para Salvador, onde se formou em Moda, e, em 2010, para São Paulo, onde trabalhou como vendedora e no estilo da Cavalera. Em 2015, abriu o ateliê que leva seu nome. “Em 2018, criei quatro iabás para o desfile de Isaac Silva na Casa de Criadores. Foi uma virada, passei a desenvolver peças grandes”, pontua. “As criações de Adriana ultrapassam o limite de roupa e trazem o sol da Bahia, com cultura e identidade”, diz o estilista Ronaldo Fraga.
Aplicações de orixás — Iemanjá e Oxum são os mais pedidos — e de Nossa Senhora Aparecida viraram hits. “Acompanham as devotas”, observa. A humorista Dadá Coelho é uma delas. “Minha mãe, que faleceu há dois anos, me deu um cordão com uma imagem de Nossa Senhora Aparecida que usou a vida inteira. Adriana reproduziu o desenho em um trench coat. Quando o visto, sinto-me duplamente protegida.”
A estilista enxerga um momento próspero. “Negros e nordestinos ganharão mais visibilidade no novo governo. Estamos inaugurando uma era na moda brasileira.
Fonte: Yahoo! Notícias