MODA

Search
Close this search box.

Mentalidade reativa pode ser a grande inimiga da moda no mundo digital

Com o surgimento do e-commerce na década de 1990, parecia loucura pensar que consumidores confiariam em plataformas digitais para adquirir produtos tão pessoais quanto roupas e acessórios. Afinal, comprar sem poder saber com certeza se o modelo se ajustaria ao corpo, seria confortável e atenderia as necessidades de estilo, parecia algo irreal. Porém, o que se tem visto é o contrário, uma forte penetração do mercado da moda no e-commerce, com vendas digitais fortalecidas e um alto fluxo de vendas.

O boom de vendas online, atenuado pela pandemia de Covid-19, trouxe, logicamente, diversos benefícios às marcas, porém, como explicado por Paulo Matos, Diretor da Tommy Hilfiger Brasil, em fala no Fórum E-commerce Brasil 2022, a tecnologia e as vendas online também trouxeram problemas para a indústria. Tido como aliado do e-commerce, Matos apresenta sua visão a respeito dos malefícios do Google Ads e da preocupação excessiva com a plataforma.

“Google é ótimo, mas ele não pode ser onipotente. Nada que você tenha no seu ecossistema tem que ter um relacionamento de ameaça. Se você não pode baixar o investimento em um mês para evitar que o Analytics de jogue para o fim da fila, não pode ser dessa forma. Segundo, a partir daí começa a vir aquela realidade de reação. Se essa peça não vendeu, vamos dar push de marketing, e pra ele funcionar, vamos dar desconto. Isso pra moda é o maior erro a ser cometido. Existem dois momentos em que podemos baixar os preços, mas não no meio da coleção. Ela tem de vender naturalmente. E muito menos eu dar push de marketing no que o cliente não está comprando, eu tenho que dar no que eu sou mais forte”, afirmou.

Riscos e benefícios do cashback

Crítico da “mentalidade reativa” das empresas de e-commerce, Paulo Matos aproveitou a fala para comentar a respeito das tentativas das empresas de recuperaram clientes que porventura desistiram de suas compras e também comentou dos benefícios e riscos de utilizar o cashback, modalidade que devolve parte do valor da compra ao cliente para ser utilizado no futuro.

“Quem aqui não sabe que você pode entrar em qualquer e-commerce, montar o carrinho e largá-lo e em 48 horas você receberá um e-mail com um desconto. Não é legal isso. Você está manipulando e tratando de uma forma que não gera valor. Aí o que as marcas fazem? Aumentam o preço inicial delas para depois gerar desconto, que não é uma coisa bacana, já que alguém está comprando mais caro. Você não está sendo justo com seu consumidor”, seguiu

“A mentalidade reativa faz com que a empresa faça disparo atrás de disparo. Não tem um planejamento anual. Você acaba desgastando seu cliente. Não é uma coisa sadia. Outro modelo que veio, o cashback, esse sim deu uma ajustada e vai melhorar a transformação digital de qualquer empresa. Parte da falta de cadastramento era culpa do vendedor, que não cadastrava. Parte era culpa do consumidor, que não queria dar o dado. Com o cashback o vendedor entende o porquê pedir e o cliente entende que tem uma vantagem. Isso foi acertado, porém, ficamos reféns do desconto”, analisou.

Tecnologia aliada às frentes da empresa

Se o mundo digital é uma grande ferramenta para potencializar as vendas das empresas, suas tecnologias também podem ser utilizadas na parte interna das empresas, como nos treinamentos, por exemplo, gerando inclusive repercussão para a ação. Paulo aproveitou para exemplificar os benefícios de realizar uma convenção com seus representantes no Metaverso, que além de ter sido a primeira empresa da América Latina a fazer isso, gerou engajamento midiático para a Tommy Hilfiger Brasil.

“Depois que criamos nossos avatares, fomos andando pelo universo. Depois de uma confraternização entre eles, entramos em nosso espaço, na nossa plenária e começamos uma apresentação mesmo. Conseguimos fazer o lançamento de uma coleção e os representantes souberam fazer isso muito bem, printando e postando. Foi uma forma fantástica de mostrar para todos os clientes que queriam ver a coleção. Para a marca também, já que saímos nos principais veículos como uma marca inovadora que tentou entender o que dá pra fazer nesse metaverso. O digital veio para ficar, mas temos de pensar como um todo. O digital tem de sentar com a parte de negócio e costurar esse tipo de solução”, concluiu.

Fonte: E-Commerce Brasil