MODA

Search
Close this search box.

Consumo inconsciente: Viciada em comprar

Eu nunca fui viciAAAda em compras. Sempre me considerei uma pessoa comedida, tranquila e meus gastos mais “aleatórios” iam mais pro lado de comida/gastronomia (alô, taurina) ou viagem do que com roupas e acessórios e olha que >blogueira aqui<. Lógico que sempre fiz boas comprinhas, já comprei minhas bolsas amadas, tenho gostado de comprar mais joias, mas nunca foi uma coisa frequente ou de impulso, mas sim de ocasião especial, mas tudo mudou.

Culpa de quem? Da pandemia. Ok, minha, mas a pandemia e meus hormônios (gravidez) viraram uma chavinha em mim rs bem nervosos. O que eu acho engraçado, e esse post é mais em tom de desabafado do que “dica”, é que com o advento da tal pandemia, muito se falou em “consumo consciente” e que nossa forma de consumir moda mudaria… balela, eu não sei se já estou (estava) no nível da compulsão, mas o fato de ficar quarentenada em casa muita coisa mudou.

Volta pra 2020, início da pandemia, todo mundo trancafiado em casa mesmo e eu no começo da gravidez e um mix de euforia e apreensão. O que uma mulher grávida tem que fazer? Sim, construir um enxoval de uma pessoinha em vias de nascer e isso foi quase um gatilho pra eu começar a comprar e comprar. Ok, tudo tinha uma razão, um propósito, daí vem uma extra ali, um exagerinho acolá, um pensamento tipo “ah vai ser a única filha que terei”. Daí meu lado arquiteta exacerbado e fazendo o quarto que tinha em mente sem precedentes, mas com algumas restrições pandêmicas.

Eis que comprei 95% do enxoval/decor da Maria Eduarda em casa. Virei Prime da Amazon, Nível 6 do MercadoLivre e eu comecei a criar um hábito que não tinha TANTO… o de comprar online. Eu costumava comprar, mas aquilo que não tinha opção do ao vivo, pois eu gostava de ir ao shopping, mas daí virou tudo online, fácil e eis que vi meu cartão cadastrado automaticamente em várias lojas kkkry.

Veio 2021, Maria Eduarda em meus braços e mais uma season de Cov1d e novas sensações: COMPREI PQ MERECI. “Poxa, uma pandemia toda em casa, tudo direitinho, ainda estou puérpera, baby blues e num trabalho de resiliência de amamentação… eu mereço comprar essa tranqueirinha sim”

E foi assim que segui comprando e comprando, futilidade, aleatoriedades, puts troquei meu carro, várias cores de máscaras, a gente não vai sair dessa pandemia mesmo, prime no rappi, a fralda acabou, comprei uma bolsa second hand numa live shopping, não vou viajar pra fora tão cedo.

Aí a gente entra numa ESPIRAL DE SENTIMENTOS E COMPRAS. Eu me dava justificativas e elas pareciam bem justas. Eu me compensava com compras. Autoindulgência. Madrugada acordada com a pitchulinha que dorme pingado? Uma comprinha pra me fazer um afago. E por aí vai no looping.

Daí entrou uma outra etapa dessa mente vazia, mas carrinho lotado: o das trocas. Fiquei viciada, ou necessitada mesmo, em trocar. Muito pelo fato de certas compras virtuais de fato não funcionarem, lá estava eu indo aos correios com 3 ou 4 caixas pra fazer a devolução. Um belo dia eu devolvi uma esteira que comprei (era bem ruim mesmo). E isso acrescido pelo fato de não querer entrar nos provadores, algumas vezes eu comprava meio que imaginando a possibilidade da troca. É quase que uma sensação de bônus, um vale presente feito por você mesma. O detalhe é que a cada troca a gente sempre dá aquela diferencinha básica. O auge veio no Natal, Rodrigo me deu uma bolsa YSL e eu troquei hehehelp

Lógico que é uma fase, eu não me endividei nem nada, sei que o fato de ficar em casa por muito tempo e com um bebê recém nascido é passível de certas disparidades sim e cada uma com a sua. Eu sou empática comigo mesma (pq se eu não for quem vai ser, né), mas acho curioso que no final das contas a pandemia não nos fez necessariamente refletir no que diz respeito ao consumo. Se, de fato eu viajei menos e saí menos pra jantar, busquei compensar de outras forma e cada um age vem reagindo de um jeito.

Tem gente que perde o sono, tem gente que ~desconta na comida (início de ano eu fiquei viciada em bombom vermelho da Lindt, o que graças a Deus passou), tem gente que se entrega até a um novo lifestyle, religião, esporte, projeto. Acho que vai da gente entender nossas falhas, momentos e o quanto somos capazes de nos permitir, perdoar e seguir em frente com menos julgamento e mais equilíbrio!

Nesse início de ano prometi ajustar minha energia em novos projetos, não apaguei nenhum app de loja, mas deletei todos os cartões registrados, vez ou outra vou me permitir ok, mas sinto que preciso sair do automático, das justificativas e fazer qualquer coisa de forma mais consciente e menos no impulso.

Há um tempo havia me desligado dos preceitos do Mindfulness, mas comecei a reler o livro Atenção Plena e já foi eficiente em me sentir reconectada, evitar justificativas e me entregar mais ao momento presente e, acima de tudo, consciente.

Fonte: Fashionismo